Bonito

Flutuação parte 3: o famoso Rio da Prata

Será que flutua melhor quem flutua (no Rio da Prata) por último?

Estávamos ansiosos em conferir se isso era realmente verdade, afinal esta flutuação foi recomendadíssima por amigos e o Guia Brasil também tece muitos elogios. Decidimos deixá-la como a última delas, para que as outras não perdessem o impacto depois dessa experiência campeã de audiência. 
Dois dias antes a agência ligou, propondo uma mudança na ordem dos passeios e não concordamos:  a razão foi explicada e eles deram razão – o Rio da Prata teria que vir depois de qualquer outra flutuação.

Esta é uma atração que não está situada no município de Bonito, mas em Jardim, cidade que divide com o vizinho mais famoso um pouco deste ecosistema único. Por isso, andamos um pouco mais neste dia: cerca de 50km, um pouco em asfalto e uma maior parte em estrada de terra.
Dentro da fazenda, seguimos o script já conhecido: colocar a roupa e equipamento, subir no caminhão e rodar até o início da trilha, que aliás, é mais longa do que as que já tínhamos visto, porém tranqüila.

Cair na água é um alívio depois de uma horinha de caminhada com roupas de neoprene. Ainda mais em uma nascente daquele tamanho…E aí vai uma surpresa: este rio onde flutuamos a maior parte do tempo não é o Rio da Prata, mas o Rio Olho D’água.
Depois de um tempo curtindo a nascente, seguimos rio abaixo. Uma das características interessantes da flutuação aqui é que existe uma variedade maior de peixes que nos outros pontos. Eles também estão presentes em uma quantidade maior: em alguns pontos é possível ver grandes cardumes de curimbatás.
Nas fotos abaixo você pode ver um belo dourado e, à direita, o relance de um peixe mais recatado: o pintado. Mesmo no Rio da Prata é difícil encontrá-lo, é preciso estar atento e com a máquina a postos.

Outra diferença marcante para o Sucuri ou o Aquário é que está é uma flutuação ‘selvagem’. A correnteza aqui é mais forte, sendo bem rápida em alguns pontos. O visual dentro da água também é diferente, com menos vegetação e mais troncos caídos no leito do rio. A água, como sempre, é muito clara.

Depois de um bom trecho relaxando, temos que sair da água: existe um ponto no Olho D’Água onde rio desce em corredeiras e o desvio é feito por trilhas.

Depois de descer rapidamente esse trecho do rio, vamos desembocar em uma deliciosa piscina natural, onde descansamos por uns minutos em um deck na margem.

É aí também o lar do ‘Vulcão’: um enorme afloramento de água, ou ressurgência, que movimenta, e muito, a areia que forma o leito do rio. É o rio nascendo, em todo canto.

A partir dali já estamos próximos do trecho em que o rio deságua no Rio da Prata, bem maior e impressionante que o anterior. A visibilidade, porém, diminui bastante e a melhor coisa a se fazer no trecho final é boiar de barriga para cima e curtir a linda vegetação que circunda o rio. O Rio da Prata é aproveitado também para quem quer fazer batismos de mergulho autônomo.

Depois do tradicional almoço, rumamos alguns quilômetros adiante para visitar uma interessante formação: o Buraco das Araras.
 
Sim, é um buraco. Mais especificamente, uma dolina. E sim, tem araras. E um casal de jacarés que, ninguém sabe como, foi parar no fundo do buraco, onde relaxam num pequeno lago.

O bacana a se fazer é chegar no final da tarde, quando casais de araras voltam às suas ‘casas’, que eles escolhem entre as inúmeras fendas formadas nas paredes da dolina. Aos poucos elas vêm voando e se encontram com muitas outras aves que já estão esperando para o ‘happy hour’ nas árvores na beira do buraco.

Existem dois mirantes, um oposto ao outro. Enquanto se anda na trilha que circunda o Buraco das Araras, é possível ver também tucanos e outras aves. Na verdade, é bem fácil ver tucanos em qualquer parte, nas fazendas, na beira dos rios ou voando ao longo das estradas. E sempre é uma delícia vê-los, são lindos.

Para fechar bem o dia, ainda nos encontramos, na volta, com um tamanduá e uma anta, na beira da estrada. O final da tarde é o melhor horário para ver esses animais. Pena que eles foram mais rápidos em fugir do que nós em sacarmos a nossa máquina. Mas aqui seguem algumas fotos do banco de imagens que recebemos e que retratam bem essas belezinhas (a foto do tucano acima também tem a mesma fonte).


Aqui eu termino a trilogia das flutuações e sigo para o final apoteótico de nossa viagem a Bonito.

15 Comments

  1. Ernesto

    Ola Emilia, muito legal rever Bonito pelas suas lentes!

  2. Mari Campos

    Emilia, vc realmente me mata devagarinho com o colorido refrescantes dessas suas fotos!!! 😆

  3. Débora

    Nossa, menina, que coisa linda! Eu sou louca pelas cores das araras e a “pintura” do tucano. Ótimas fotos!
    Bjs,
    Débora

  4. Emília

    Mari, até que não estava tão quente (afinal era inverno – e ainda é!), mas não dava para não ter vontade de pular na água assim que chegávamos nos rios. Fora que o neoprene regula bem a temperatura e você se sente perfeitamente confortável 😀
    Débora, eu sou louca por pássaros! Me arrependi de não ter levado um binóculo para ficar ‘xeretando’ por lá. Sobre as fotos…quando alugamos a máquina com a caixa-estanque estávamos em dúvida sobre a qualidade das fotos que tiraríamos, mas muitas saíram bonitas… Claro que não como os do post do Aquário ou do Sucuri, tiradas por profissionais, claro!
    Ernesto, sempre uma honra ter sua visita por aqui 😀
    Mande um beijo para a Cibele!

  5. Arnaldo - FATOS & FOTOS de Viagens

    Por falar em “LENTES”, estão ÓTIMAS as fotos, além do texto e da matéria toda. Legal. Parabéns!

  6. World Soul

    Suas fotos estão lindíssimas, principalmente as debaixo d´água!! Parabéns!!!!!!!

  7. Mô Gribel

    Emília, é impressionante como a água é transparente.
    Lindo mesmo!

  8. Emília

    Arnaldo, estou só tentando seguir os mestres 😀
    Mô, no fundo eu acho que você tem uma alma eco-turística 😆
    O próximo post vai combinar com o espírito ‘morcega’, depois dê uma olhada 😀
    World Soul, seja bem-vinda!
    Dei uma olhada no teu blog, muita coisa interessante, especialmente Russia (um das minhas viagens-fetiche, um dia ainda chego lá…).
    Um abraço!

  9. Carla

    Emília, seu blog está um espetáculo! 😀 Essas fotos estão me dando uma vontade danada de voltar a Bonito…

  10. Arthur

    Lindíssimo, Emilia, Bonito para mim é incomparável. Acho mias belo até do que snorkel marítimo. Explico: a beleza do mar e sua fauna só é realmente apreciada com mergulho de garrafa, demandando mais condições para tal. Muita gente tem medo, fobia, ou alguma doença física que são impeditivos para o scuba (ou mesmo falta de $$$). Já em Bonito, todo o esplendor da fauna e flora revela-se apenas botando a cara n’água; além disso, a correnteza natural do rio faz você passear e “voar” pelas águas, sem nenhum esforço. No mar lutamos contra as ondas, correntezas mais fortes, e cansa mais.

  11. Emília

    Carla, você foi uma das inspiradoras do blog e deu também muita força na viagem para Bonito…fico feliz que o blog esteja te inspirando a voltar também 😀
    Arthur, você tem toda razão…aproveitar as belezas da água em Bonito não requer prática, nem habilidade e é algo super democrático: as crianças que vi curtiram o passeio numa boa e acredito que pessoas de mais idade também podem. Eu adorei poder mergulhar de maneira mais relaxada, seguindo a correnteza leve…
    Você sabe que eu tenho uma relação de amor e ódio com o mergulho autônomo: você tem que se equipar no barco em movimento, prestando atenção nas orientações do dive master, passando mal de calor com os 5mm da roupa (às vezes passando mal por outros motivos…), tendo que se movimentar depois com o cilindro pesadíssimo…mas depois quando se cai na água, aí você entende porque aturou tudo aquilo, mais uma vez 😛

  12. Marilia

    Olá Emília,
    Eu estou indo para Bonito em setembro e já estou pesquisando os melhores passeios para se fazer lá. Infelizmente não terei tempo de ir nos 3 locais para flutuação, talvez consiga fazer dois, quais vc recomendaria, qual é o melhor?
    Abraços

  13. Emília

    Marilia, eu recomendaria o Sucuri (foi o que eu mais gostei, mas não é normalmente o preferido de quem vai) e o Rio da Prata. O primeiro tem menor distância, o rio em si é mais estreito e raso, tem vegetação mais baixa e o que encanta é a combinação de cores: o azul turquesa profundo da água com o verde vivo do mato ao redor. Já no Rio da Prata tudo é mais grandioso. São duas experiências diferentes. O Aquário é mais parecido com o Sucuri, a diferença é que se pode nadar na nascente, mas isso você pode fazer no Rio da Prata. Se bem que…a parte final do Aquário é muito bacana também 🙄 Olha, Marilia: deixe o Rio da Prata fixo e dê uma olhada nas fotos do Sucuri e do Aquário e veja qual te atrai mais. Que recomendação difícil 😀

  14. Patricia

    Oi, Emília,
    Muito bacana seu relato sobre bonito. Estou tentando planejar uma ida para lá e tem pouca coisa na web, ou nada, que agregue ao que vc escreveu. Parabéns!
    Com isso, estou morrendo de curiosidade para ver o que vem depois de “Aqui eu termino a trilogia das flutuações e sigo para o final apoteótico de nossa viagem a Bonito.”. Cadê o link para o final apoteótico? Me perdi… 🙁

  15. Emília

    Oi, Patricia!
    Puxa, que bom que os posts estão sendo úteis para você! Bonito é recomendadíssimo para quem gosta de água (verdadeira tortura pensar nisso com esse calor que está fazendo agora em SP!)
    O post final de Bonito é esse próximo, sobre o Abismo Anhumas: http://aturistaacidental.wordpress.com/2007/09/01/para-fechar-bem-uma-viagemabismo-anhumas/
    Um abraço e obrigada pela visita!

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